Resumo



O aborto é uma condição polêmica e uma realidade em nosso país, que se transformou em um problema de saúde pública com suas inúmeras interfaces, religiosa, política, jurídica, social e ética. O código penal brasileiro tipifica o aborto como crime, mas reserva situações em que não há criminalização, como nos casos de estupro, se a mulher assim deseja, e no risco de morte materna. Em 2015 o Supremo Tribunal Federal por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 54 autorizou à antecipação terapêutica do parto em casos de anencefalia. Com o aparecimento de vários casos de uma arbovirose, a discussão do aborto novamente veio à tona, mais precisamente a possibilidade do aborto de fetos com microcefalia em função da infecção por Zika vírus. O próprio Procurador Geral da República em 2017 encaminhou ao STF parecer no qual defendia o aborto nos casos de infecção pelo vírus da Zika. A decisão tomada em 2012 pelo Supremo que autorizou aborto em caso de fetos anencéfalos também deveria valer para os casos diagnosticados de infecção do Zika, por motivo de “proteção da saúde” da mulher. Questiona-se se, de fato, é possível fazer analogia entre as situações, pois no caso da anencefalia há inviabilidade vital, ou seja, não há vitabilidade do feto na maioria das vezes ou do nascituro sempre, diferentemente do nascituro com microcefalia por Zika vírus, considerando que vai existir vida após o nascimento mesmo com todas as sequelas que possam existir, além de o diagnóstico se dar em fase tardia, geralmente bem acima da décima terceira semana, dificultando muito a tomada de decisão pelo aborto em um tempo hábil e levando a um problema jurídico extremamente delicado.


 Palabras clave: Microcefalia; Aborto; Bioética; Legislação.


 


Abstract



Abortion is a controversial condition and a reality in our country, one that has turned into a public health problem with its numerous interfaces, religious, political, legal, social and ethical. The Brazilian penal code typifies abortion as a crime, but reserves situations in which there is no criminalization, as in cases of rape, if the woman so desires, and if there is risk of maternal death. In 2015, the Federal Supreme Court through Arguição de Preveito Fundamental - ADPF 54 authorized the therapeutic anticipation of childbirth in cases of anencephaly. With the appearance of several cases of arbovirus infections, the abortion discussion again came to the fore, focusing on the possibility of abortion in cases of microcephaly caused by Zika virus infection. The Prosecutor General of the Republic in 2017 sent the Supreme Court an opinion in which he defended abortion in cases of infection with the Zika virus. The decision made in 2012 by the Supreme Court authorizing abortion in case of anencephalic fetuses should also be valid for cases diagnosed with Zika infection with a view of “protecting women’s health.” It is questioned if it is indeed possible to make an analogy between these situations, because in the case of anencephaly there is vital infeasibility, that is, there is no vitality of the fetus in most cases or of the unborn child in all cases, unlike the child with microcephaly caused by the Zika virus, considering that there will be life after birth even with all the sequelae that may exist, in addition to the diagnosis occurring late, usually well above the thirteenth week, making it very difficult to make a decision for abortion in a timely manner and leading to an extremely delicate legal problem.


 Keywords: Microcephaly; Abortion; Bioethics; Legislation.


 


Resumen



El aborto es una condición polémica y una realidad en nuestro país, y que se ha convertido en un problema de salud pública con sus innumerables interfaces, religiosa, política, jurídica, social y ética. El código penal brasileño tipifica el aborto como crimen, pero reserva situaciones en que no hay criminalización, como en los casos de violación, si la mujer así lo desea, y en el riesgo de muerte materna. En 2015 el Supremo Tribunal Federal, por medio de la Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 54, autorizó la anticipación terapéutica del parto en casos de anencefalia. Con la aparición de varios casos de una arbovirosis, la discusión del aborto nuevamente salió a la superficie, más precisamente la posibilidad del aborto de fetos con microcefalia en función de la infección por Zika virus. El propio Procurador General de la República en 2017 remitió al STF un informe en el que defendía el aborto en los casos de infección por el virus del Zika. La decisión tomada en 2012 por el Supremo que autorizó aborto en caso de fetos anencéfalos también debería valer para los casos diagnosticados de infección del Zika, por motivo de "protección de la salud" de la mujer. Se cuestiona si de hecho es posible hacer una analogía entre estas situaciones, pues en el caso de la anencefalia hay inviabilidad vital, o sea, no hay vitabilidad del feto en la mayoría de las veces y nunca después del nacimiento, a diferencia del nasciturus con microcefalia por el Zika virus, considerando que va a existir vida después del nacimiento a pesar de todas las secuelas que puedan existir, además de que el diagnóstico se dé en fase tardía, generalmente muy por encima de la decimotercera semana, dificultando mucho la toma de decisión por el aborto en un tiempo hábil y llevando a un problema jurídico extremadamente delicado.


 Palabras clave: Microcefalia; Aborto; Bioética; Legislación.